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terça-feira, 2 de abril de 2013

Ali´s Pretty Little Lies - capítulo 33






33 - One Little Push
Capítulo completo

Por um momento, Ali não podia se mover. Ela olhou para a irmã parada na sua frente. Seus olhos e seus dentes brilhavam. Metade do seu corpo estava encoberto pela névoa, o que a deixava parecendo um fantasma. 

Ali olhou em direção a sua casa. "Você não deveria estar aqui fora".

Courtney agarrou seu braço com força, cravando suas unhas na pele de Ali. "Você não vai a lugar nenhum, Ali".

"Me solta!", disse Ali, tentando se desvencilhar de Courtney, que a apertava com mais força. "Eu vou gritar", Ali disse, com o medo crescente em sua voz.

Courtney riu. "Não, você não vai. Você não vai dizer nada."

"Sim, eu vou", Ali disse. "Mamãe e papai vão aparecer na mesma hora."

Courtney deu uma gargalhada. "Hum, você não acabou de ver a mesma coisa que eu? Mamãe está um pouco ocupada agora."

"Então eu vou chamar o papai."

Courtney sorriu de um jeito sinistro. "Papai está dormindo no sofá. Talvez alguém colocou alguma coisa no seu vinho durante o jantar."

Ali se afastou, tremendo. Realmente, ela é louca, pensou.

Mas Courtney a puxou de volta. "E não acho que Jason vai vir salvá-la", ela sussurrou no ouvido de Ali. "Ele não dá a mínima para nenhuma de nós. E, quanto a suas amigas, elas estão ocupadas com a festa do pijama do fim do sétimo do ano, não estão?"

"Me solta!" Ali gritou. Seu braço começou a sentir ainda mais a pressão das unhas da irmã e seu coração batia descontroladamente. Parecia que seu peito ia explodir. De novo, Ali sentiu cheiro de cigarro mas não sabia quem estava fumando. Não era Courtney, mas sim outra pessoa que estava por perto. "O que você está fazendo aqui?"



Courtney gargalhou. "Ah, eu só queria ver como é a sua vida. Minha vida. O que deu em você para escolher aquelas meninas como suas novas amigas? Você queria me provocar? Arruinar a minha reputação?"

"Não há nada de errado com elas", disse Ali na defensiva, tomada por um sentimento protetor em relação a suas amigas. "Elas são muito legais."

"Elas são muito legais", Courtney imitou. "Você acha que elas ainda vão fazer tudo o que você mandar quando descobrirem o que você fez?"

"Elas nunca vão acreditar em você", disse Ali, com uma voz fraca.

Courtney levantou o queixo. "Elas vão  acreditar se eu contar a verdade sobre você."

Ali ficou tensa e foi tomada por uma onda de raiva, que percorreu todo seu corpo, como se ela estivesse queimando por dentro. "A verdade?", ela perguntou. "E o que seria isso? Como você me manipulou durante anos? Como você me mandou para o hospital no seu lugar? Como você ficou lá e disse que eu tinha que ir embora?"

"Você tinha que ir embora", disse Courtney, sua voz estranhamente calma. "E você vai ter que ir de novo. Você vai contar para todos o que você fez. E eles nunca, jamais, vão te perdoar."

O medo tomava conta do corpo de Ali, mas ela se manteve imóvel. "Eu não vou a lugar nenhum", disse ela, fincando seus pés na grama, que estava gelada. Ela sorriu tentando parecer confiante, disfarçando o melhor que pode. "Você realmente acha que seria fácil para você entrar na minha vida e ser eu? Eu já fiz coisas que você não é capaz de fazer. Sou melhor me passando por você do que você mesma."


"É a minha vida", sua irmã rosnou, apertando os ombros de Ali com força. "Você realmente acha que vai ser difícil para mim? Eu até posso ser amiga daquelas vagabundas idiotas se isso for preciso. Eu posso fazer isso com os olhos fechados."

"Não, você não pode," Ali disse. "Você não sabe de nada."

Courtney bufou. "Ah, por favor. Eu li o seu diário, o meu diário. Eu sei tudo sobre elas, sobre você. Você escreveu todos os seus segredos no diário, tudo o que é importante."

"Nem tudo", Ali respondeu pensando em Nick. Graças a Deus ela não tinha escrito sobre ele no diário. Ela teve vontade de jogar aquilo na cara de Courtney, afinal, Nick tinha sido sua paixão não correspondida. Mas não adiantaria nada; Nick não estava mais com ela e Courtney iria dar risada na sua cara.

"Definitivamente, você escreveu o suficiente no diário", Courtney provocou. "Foi assim que eu descobri que nós chamamos o homem errado de pai. Olhe bem onde você escreveu seus segredos, Ali. Qualquer pessoa pode ler aquele diário e descobrir tudo sobre você." Courtney puxou Ali pelo braço. "Chegou a hora de você dizer adeus. Vamos encontrar a mamãe e nosso pai verdadeiro e contar tudo para eles!" 

Ela pegou Ali pelo ombro, apertando-a com força, e começou a puxá-la em direção a casa dos Hastings. Ali começou a se contorcer, tentando se livrar da irmã, até que tropeçou na grama, caindo no chão. Ela agarrou Courtney pela cintura. 

"Levanta, sua vagabunda!", Courtney gritou. 

"Eu não vou com você a lugar nenhum." Ali pegou Courtney pelos cabelos, puxando com tanta força que as duas caíram no chão. Os sentimentos da infância voltaram, da época em que elas tinham nove anos de idade, uma em cima da outra, descontrolada, manipuladora, se estapeando loucamente. Ela não sabia mais o que fazer e, sem pensar, começou a bater na irmã.

Mas, de repente, ela voltou a si. Ela odiava sua irmã mas não podia ceder àquele impulso. Era uma armadilha. Ela tinha que ser maior do que tudo aquilo.

Ela soltou Courtney e se levantou, andando em direção a sua casa. Após dar alguns passos, sentiu uma mão apertar seu tornozelo e, novamente, lá estava ela caída na grama. Ela sentiu o peso do corpo de Courtney sobre o dela, com as pontas do seu cabelo fazendo cócegas em seu nariz. 

"Eu acho que vou ter usar o plano B, então" Courtney sussurrou. Ali tentou se afastar de Courtney e, antes que ela pudesse dar um passo, Courtney, segurando seu tornozelo, começou a arrastá-la pela grama como se ela fosse uma boneca de pano. Ali gritava e tentava se agarrar ao chão, mas não tinha forças. Ao passar por um monte de ferramentas espalhadas, seu coração acelerou. Courtney iria jogá-la no buraco?

Ali tentou gritar, mas não conseguia. Sua casa parecia tão distante, o celeiro dos Hastings estava escuro, com as luzes apagadas. Onde estavam suas amigas? Elas tinham ido embora? Então, ela pensou em Ian, que estava esperando por ela na floresta. Talvez era ele que estava fumando ali perto. Ela olhou desesperadamente para a escuridão da floresta, rezando para que Ian estivesse por ali. Mas a floresta estava em silêncio. Não havia barulho de passos. Ninguém estava por ali.

Sua irmã parou de arrastá-la quando elas chegaram na borda do buraco. Ali tentou se levantar mas Courtney a empurrou de volta para o chão. Seus olhos brilhavam. "Eu deveria ter feito isso há muito tempo atrás", ela resmungou. E, então, colocou suas duas mãos em torno do pescoço de Ali, pronta para enforcá-la. 

"Não!" Ali gritou. "Por favor!"

Mas sua irmã gêmea a enforcou com mais força. "Você merece isso", ela disse com um tom de voz frio. "Você merece morrer pelo que fez."

Não, eu não! Ali levantou suas pernas e seus braços, tentando tirar as mãos de Courtney do seu pescoço para respirar. "Eu faço qualquer coisa", ela implorou. "Eu conto a verdade, eu não me importo. Só não me mate!"

"Você merece morrer", Courtney disse mais uma vez.

Ali conseguiu se ajeitar e tomou fôlego, seus pulmões quase explodindo. "Você lembra como a gente era? Como nós éramos amigas?"

"Nós nunca fomos amigas", sua irmã gêmea sussurrou.

"Nós éramos sim! Eu amava você! Você me amava! Eu... eu sinto tanta falta disso!"

Courtney movimentou seu corpo, permitindo que Ali conseguisse se soltar dela. Ela estava engasgada e respirou com dificuldade, como se seus pulmões não funcionassem mais. Ela se afastou de Courtney e se sentou na grama, olhando para a irmã. Courtney estava ofegante, os olhos vidrados. Ela encarava as próprias mãos com um olhar que Ali nunca tinha visto. 


Então, ela olhou para Ali. "Eu não posso", disse ela baixinho.

"Não pode o que?",  Ali perguntou.

O maxilar de Courtney tremia. "Eu quero te matar. Mas eu não posso."

Uma onda de alívio percorreu o corpo de Ali. "Claro que você não pode", ela disse. "Nós somos irmãs."

Courtney parecia confusa. Ela olhou novamente para suas mãos, com os olhos estalados. 

"Nós podemos começar de novo", Ali falou. Ela pensou que se continuasse falando, conseguiria controlar a fúria da irmã até que alguém aparecesse por ali. "Eu posso ser eu. Você pode ser você. Você pode ser a Alison DiLaurentis novamente."

Courtney piscou. "Simples assim? Você vai assumir a troca?"

Ali assentiu e um nó se formou na sua garganta. "Sim". Ela estendeu a mão e tocou a mão de sua irmã, um gesto que ela não fazia há anos. "Eu só quero ter uma irmã de novo", ela disse suavemente. "Isso é tudo que eu sempre quis."


Courtney abaixou a cabeça. Um cheiro forte de terra tomou conta do ar. Os grilos ficaram em silêncio. Ela respirou lentamente e colocou sua mão sobre a mão de Ali. "Eu não sei se eu consigo fazer isso."



"Você consegue", Ali insistiu. "Por favor."

"Eu...", Courtney parou de falar. Seus olhos se arregalaram e se fixaram em algo atrás de Ali. "Você está aqui", ela sussurrou.

Ali tentou se virar para ver quem era. Seria seu pai? Ian? Alguma de suas amigas? Mas antes que ela pudesse se mover, Courtney pulou em cima dela, de maneira violenta.

Ali se debatia na grama, tentando se salvar. Ela gritava enquanto sua cabeça rodava até sentir uma pancada em seu pescoço. Ela foi atingida por algo afiado e metálico. Por um momento, tudo escureceu e um barulho horrível invadiu seus ouvidos. Seu corpo se espatifou em uma superfície fria e plana e ela ficou sem ar. Ela ouviu o barulho de algo se quebrando e levou apenas um segundo para ela perceber que o barulho vinha de dentro de seu corpo. Era o barulho de um osso se partindo.

Ela estava no fundo do buraco.

Ela tentou gritar mas sua boca não se mexia. Ela conseguia ver apenas um fecho de luz, que parecia muito distante, assim como as estrelas que brilhavam no céu. Ela conseguiu ver uma parte da lua, atrás de uma nuvem.


"Socorro", ela gritou apenas em pensamento. Seu coração parecia se mexer dentro do seu peito como um motor com defeito. Seu corpo foi tomado por uma sensação estranha. Seus nervos pareciam descontrolados. Depois de alguns segundos, ela percebeu que não estava respirando. Ela tentou unir forças para se salvar mas a única coisa que conseguiu foi sentir seu corpo pesado e imóvel, como se cada célula tivesse se transformado em um grão de areia. Então, ela percebeu o que estava acontecendo. Ela estava morrendo.

Uma figura apareceu no topo do buraco. Era sua irmã, que tinha uma mistura de alívio e horror na expressão do seu rosto. Courtney olhava novamente para as suas mãos, atordoada. Então, direcionou seus olhos em direção a algo que Ali não podia ver.

"Eu achei que você não fosse aparecer", ela disse. "Eu pensei que você não iria fazer isso."

Ali pensou que Courtney estava falando com ela até que ouviu uma outra voz responder. "É claro que eu iria fazer. Eu sempre estarei aqui para você."

Ali se esforçou para ouvir a conversa. Ela reconheceu a voz. Ela já tinha ouvido aquela voz inúmeras vezes. Ela tentou entender o que estava acontecendo, mas não conseguia completar seu raciocínio. Ela sentia que suas células estavam morrendo e não conseguia respirar. Ela tentou mexer um pouco a cabeça na tentativa de ver quem era a pessoa, mas seu corpo não se mexia. 

"Você está feliz?",  a voz perguntou.

O maxilar de Courtney voltou a tremer e ela parecia um pouco tonta. "Eu não sei", ela respondeu olhando para o buraco, com uma mão tapando a própria boca. "Eu não acredito que eu. . . fiz isso."

"Mas esse sempre foi o nosso plano."

De repente, Ali soube de quem era a voz. Ela tentou gritar, tentou reagir e começou a ser tomada por uma sensação de perda, deixando de sentir as partes do seu corpo. Primeiro foram os pés, depois a panturrilha, depois os joelhos. Ela queria se esforçar para impedir aquilo, mas não podia fazer mais nada. A imagem de sua irmã no topo do buraco se transformou em uma bolha de luz e sombra. Ela pensou na voz que conversava com Courtney. Ela sabia quem era aquela pessoa. Seu cérebro foi tomado por um grito ensurdecedor que só queria saber: por quê?

Antes que ela pudesse entender qualquer coisa, ela deixou de sentir o pescoço. Seu corpo estava morrendo. Ela suspirou e fechou os olhos. Ela jamais os abriria de novo. E assim, no meio da terra, da sujeira, das minhocas e das pedras, ela deu seu último suspiro. 

5 comentários:

  1. melhor capítulo de todos!!! amei

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  2. De quem pode ter sido aquela segunda voz que Allison aka Courtney reconheceu?

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  3. Eu desconfio do Nick. Courtney não encontrou nada sobre ele no diário da Alison. Quando ela conheceu Nick, ele se apresentou como um amigo do acampamento e tudo que ele falava, Courtney dava um jeito de fingir que se lembrava. No livro não fala se Nick percebeu que ela estava mentindo ou notou alguma coisa estranha. Durante a visita de toda a família na Preserve, Ali falou que estudava algumas matérias com a ajuda de um amigo, Tripp. Na mesma visita ela falou sobre Iris e Tabitha. As duas já apareceram nos livros. Eu desconfio que Nick e Tripp sejam a mesma pessoa. E também, pela reação de Courtney, ela ficou surpresa ao reconhecer a voz e não entendeu o motivo da pessoa fazer aquilo. Essa reação deu a entender que Courtney conhecia a pessoa e se dava bem com ela.

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  4. A outra pessoa pode ser a Melissa ou o Jason.
    Jason porque a tratava de modo estranho e pode ser que ele tenha percebido, não desconfio do Nick porque, a verdadeira Alison não saberia dele.
    Melissa por odiar Alison com toda sua alma, enfim.
    Amei o livro, quero ler ele completo, sabe onde posso acha-lo traduzido?

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  5. Depois que terminamos o livro #11, desconfiamos que mais de uma pessoa ajuda Ali. O livro traduzido tem no http://iebookstore.blogspot.com.br/ :)

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