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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Deadly #14 - Prólogo

Prólogo - The Great And Powerful Ali
Tradução completa

Lembra quando você aprendeu o significado de onipotência na aula de inglês? É quando um narrador pode ver e ouvir tudo. Parece algo incrível, não? Seria, mais ou menos, como ser o Mágico de Oz. Imagine o que você faria se você fosse onipotente. Tipo quando você perde o jornal no vestiário, você poderia ver onde foi parar. Ou naquela festa, no mês passado: você saberia se o seu namorado se trancou no quarto com sua rival. Você seria capaz de decifrar olhares secretos. Ouvir os pensamentos íntimos. Ver o invisível... até mesmo o improvável.

Quatro meninas bonitas em Rosewood também desejaram ser onipotentes. Mas, nesse caso, talvez a ignorância em não ver e saber de tudo é mais seguro. Porquê quanto mais elas se aproximarem da verdade sobre o que aconteceu naquela fatídica noite em Poconos, quando Alison DiLaurentis quase as matou e depois desapareceu, mais perigosa a vida delas será.

Em uma noite fria de fevereiro, numa rua isolada e arborizada nas montanhas Poconos, tão tranquila que você poderia ouvir a quilômetros de distancia um graveto quebrando, uma risada estridente ou um suspiro. Mas ninguém estava na região naquela época do ano, razão pela qual Alison DiLaurentis não se preocupou nem um pouco em se trancar em um quarto da casa de sua família com quatro meninas que ela mal conhecia. As paredes eram finas, as janelas deixavam passar correntes de ar, mas não havia ninguém por lá para ouvir as meninas gritarem. Dentro de alguns minutos, Emily Fields, Spencer Hastings, Aria Montgomery e Hanna Marin estariam mortas. Ali mal podia esperar.

Tudo já estava planejado. Na semana anterior, Ali arrastou o inocente Ian Thomas, morto há muito tempo, para um dos quartos do segundo andar da casa e o escondeu no armário. Naquele dia, ela trancafiara uma inconsciente Melissa Hastings, ex-namorada de Ian, junto com o cadáver dele no armário. Ela providenciou a gasolina, pedaços de madeira e os pregos, e chamou seu cúmplice para explicar o momento exato de agir e os detalhes finais. Finalmente, ela convenceu Spencer, Aria, Hanna e Emily para ir até Poconos à noite, levando-as para o mesmo quarto onde ela escondera Ian e Melissa. Ela encarou as meninas com as mão na cintura, para que elas a enxergassem como a Alison de quem elas foram amigas; embora, na verdade, elas tivessem sido amigas de Courtney, a irmã de Alison. Courtney trocou de lugar com a verdadeira Alison e a mandou para um hospício no lugar dela, assumindo sua vida.

"Deixe-me hipnotizar vocês novamente para relembrar os velhos tempos?", ela pediu, lançando um sorriso irresistível. Ela sabia que elas diriam sim.

E elas disseram. Ali tentou conter sua excitação quando elas fecharam os olhos. Ela começou a contagem decrescente a partir do número cem enquanto circulava pelo quarto, ouvindo os sons que vinham do primeiro andar. Sem que as meninas percebessem, um garoto entrara na casa há alguns minutos. Naquele momento, ele derramava gasolina pelo chão, trancava todas as portas e bloqueava as janelas com pedaços de madeira. Era tudo parte do plano.

Ali continuou a contagem regressiva com uma voz calma e doce. As meninas permaneciam sentadas. Quando Ali estava quase no número um, ela saiu do quarto, trancou a porta pelo lado de fora e passou uma carta por debaixo da porta. Ela desceu as escadas nas pontas dos pés, enfiando a mão em um de seus bolsos. Seus dedos envolveram sua caixa de fósforos da sorte. Ela acendeu um fósforo e jogou no chão.

As paredes, as vigas de madeira, os jogos de tabuleiro, livros mofados e uma barraca de camping começaram a arder em chamas. O ar ficou contaminado pelo cheiro da gasolina; a fumaça era tão espessa que bloqueava completamente a visão. Alison ouviu os gritos de pânico das meninas. "É isso aí, suas vagabundas. Esgoelem e chorem o quanto quiserem; não vai adiantar nada."

Mas Deus parecia ter potencializado a fumaça. Ali tampou o nariz com a camiseta e correu pelo primeiro andar. Ela procurava o menino dos seus sonhos, a única pessoa em que ela confiava, mas que àquela altura já estava no lugar em que eles combinaram de se encontrar. Rapidamente, ela conferiu se todas as janelas estavam bloqueadas, confirmando que não havia como as meninas saírem de lá. Apenas para garantir, ela pegou um martelo e deu umas batidas em alguns pregos.

Então, ela parou e inclinou a cabeça. Era aquilo mesmo que escutou... um baque? Uma voz? Ela olhou para o teto e teve a impressão de ouvir passos na escada. Em seguida, observou a sala de tv. Nada. Ela não conhecia muito bem a casa, que seus pais compraram pouco tempo depois que Courtney a mandou para o sanatório.

De repente, algo chamou sua atenção e ela se virou. Através da fumaça, ela viu cinco figuras correndo para a porta da cozinha. O queixo de Ali caiu e seu peito ferveu de ódio. A última menina parou e a olhou através da fumaça. Seus olhos azuis se arregalaram. Seu cabelo ruivo estava crespo e grudado em seu rosto. Era Emily. Ela correu na direção de Ali e cravou as mãos em seus ombros. Seu rosto tinha uma expressão mista de raiva e descrença. "Como você pôde fazer isso?", ela inqueriu. Ali se desvencilhou dos brações de Emily. "Eu já falei. Vocês arruinaram minha vida." Emily a encarou como se tivesse acabado de levar um tapa. "Mas.. eu te amei!" Ali começou a rir. "Você é uma ridícula, Emily."

Emily desviou o olhar, desacreditada com o que acabara de ouvir. Ali teve vontade de dar uma chacoalhada em Emily. "Jura que você me amou?", ela teve vontade de perguntar. "Eu nem te conheço. Vá viver sua vida patética."

De repente, houve um estrondo. Os pés de Ali saíram do chão e, segundos depois, ela sentiu seus calcanhares doerem, com a sensação de que seu corpo desmoronou sobre eles. O impacto foi tão forte que ela quase estraçalhou sua língua com os dentes. Quando ela abriu os olhos, as chamas ao seu redor pareciam ter aumentado. Ela engatinhou em direção à porta da cozinha e viu que Emily já estava lá. Uma das mãos de Emily segurava a maçaneta; na outra, havia um pedaço de madeira, grande o suficiente para bloquear a porta e manter Ali dentro da casa.

O olhar de Emily encontrou o de Ali. Emily olhou para o pedaço de madeira em sua mão. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Mas, em vez de fechar a porta ou bloquear a saída com a madeira, ela jogou a madeira na varanda. Ela olhou para Ali mais uma vez, que a encarou de maneira enigmática. Então, ela saiu pela porta, deixando-a aberta.

Ali foi mancando em direção à porta. Houve outro estrondo. Ali teve a impressão que alguém a empurrãou bruscamente pelas costas e ela voou. Um cheiro horrível de pele e cabelo queimados impregnaram suas narinas. Sua perna foi consumida por uma dor insuportável. Sua pele parecia que estava se contorcendo. Ela podia ouvir seus gritos, embora não conseguisse abrir a boca. De repente, como se alguém desligasse um interruptor, a dor em sua perna parou. Ela teve a sensação de flutuar entre o inferno e as árvores. Ela conseguia ver tudo. Os carros estacionados, os telhados das casas vizinhas e, debaixo de uma árvore, ela viu aquelas biscates malditas. Spencer murmurava. Aria se contorcia de tanto tossir. Hanna mexia no cabelo como se estivesse pegando fogo. Melissa estava estendida no chão. Emily olhava para a porta da casa, com uma expressão preocupada no rosto, antes de tapar os olhos com as mãos. Em seguida, uma figura surgiu na floresta. O olhar de Ali mudou de direção e seu coração disparou. Ele correu em direção à ela e caiu de joelhos ao seu lado.

"Ali!", ele disse, bem perto de seu ouvido. "Ali, acorde. Você tem que acordar." De repente, Ali voltou a sentir seu corpo e foi consumida pela dor. Sua pele latejava com as queimaduras. Sua perna pulsava no mesmo ritmo dos seus batimentos cardíacos. Ela tentava berrar. Mas não fazia diferença o quanto ela se esforçasse para emitir qualquer som. Ela não conseguia abrir a boca.

"Por favor!", ele implorou, sacudindo-a desesperadamente. "Por favor, abra os olhos."

Ela continuava se esforçando, querendo ver o menino que ela tinha amado por tanto tempo. Ela quis dizer o nome dele, mas sua cabeça estava muito confusa e sua garganta completamente arranhada. Ela conseguiu emitir um gemido.

"Você vai ficar bem!", ele falou de maneira enfática, como se quisesse convencer a si mesmo. "Nós só precisamos..." Então, ele engasgou. Sirenes soavam descendo o morro. "Droga!", ele sussurrou.

Ali conseguiu abrir os olhos. "Merda!", ela reclamou com a voz falhando. Não era daquele jeito que as coisas deveriam acontecer. Eles deveriam estar bem longe agora.

Ele puxou seu braço. "Nós temos que sair daqui. Você pode andar?"

"Não." Ali respondeu fazendo o maior esforço. Ela sentia tanta dor e tinha medo de vomitar.

"Você tem que..." Ele tentou levantá-la, mas ela não conseguia se mexer. "Não é justo."

Ali olhou para as pernas inúteis e seu pé destruído. "Eu não consigo!"

Seus olhos encontraram os dela. "Tudo está no lugar. Você apenas precisa dar uns passos."

As sirenes se aproximavam. A cabeça de Ali pendeu na grama. Deixando escapar um gemido frustrado, ele a levantou e a colocou em seus ombros, como se fosse um bombeiro, e correu para o meio da floresta. Ela batia seus cotovelos nos dele. Galhos arranhavam o rosto de Ali. Folhas esbarravam em seus braços chamuscados.

Reunindo as forças que lhe restavam, ela se virou e olhou através das árvores. Aquelas vagabundas ainda estavam amontoadas no chão, as luzes das ambulâncias iluminando seus rostos. Elas não pareciam precisar de cuidados médicos. Elas não estavam com nenhum osso quebrado. Elas é que deveriam sofrer, e não Ali. "Não é justo!", ela gritou com ódio.

O menino que ela tinha amado seguiu seu olhar e deu uma tapinha em seu ombro. "Nós vamos pega-las.", ele rosnou em seu ouvido enquanto a levava para um lugar seguro. "Eu prometo. Elas vão pagar."

Ali entendeu cada palavra que ele falou. Em seguida, ela prometeu para si mesma: juntos, eles iam pegar Spencer, Aria, Hanna, e Emily, nem que fosse a última coisa que fizessem. Eles iriam até as últimas consequências para mata-las.

Dessa vez, eles fariam tudo direito.

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