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Em uma doce manhã de uma quinta-feira de junho, Emily Fields sentou ao lado de suas amigas Hanna Marin, Spencer Hastings e Aria Montgomery em uma sala com vista para a orla da Filadélfia. A sala cheirava à café e dinamarqueses e os telefones não paravam de tocar no escritório, com as impressoras zunindo e saltos altos se aproximando da corte. Quando Seth Rubens, o novo advogado delas, gaguejou, Emily ergueu as sobrancelhas. Pela expressão, ela não iria gostar do que ele tinha a dizer.
“O caso de vocês não parece nada bom.” Rubens mexeu o café com um palitinho. Ele tinha olheiras e usava o mesmo perfume do pai de Emily, o Royall Bay Rhum. O cheiro costumava animar Emily, mas não naquela situação.
"O promotor reuniu um monte de provas contra vocês pelo assassinato de Alison," ele continuou. "Vocês estavam na cena do crime quando aconteceu. A limpeza foi desleixada. As impressões digitais de vocês estavam por toda a casa. O dente encontrado no local..." - devido ao surto de Emily - Ele olhou nervosamente para Emily: "Apesar do acontecimento, estou feliz em representá-las e vou fazer tudo que eu posso, mas não quero lhes dar falsas esperanças."
Emily desabou. Desde sua prisão pelo assassinato de Alison DiLaurentis - também conhecida como A, sua arqui-inimiga, quase assassina e a diabólica rainha das mensagens - ela perdeu dez quilos e não conseguia parar de chorar, pensando que estava ficando louca. As quatro estavam em liberdade sob fiança - depois de passarem horas na prisão; mas o julgamento começaria em cinco dias. Emily tinha passado por seis advogados, assim como suas amigas. Nenhum dos advogados deu esperança para elas; nem Rubens, que já tinha trabalhado para chefes da máfia.
Aria se inclinou para frente e olhou nos olhos do advogado. "Quantas vezes precisamos dizer? Ali armou pra gente. Ela sabia que estávamos vigiando a casa da piscina. Ela sabia que estávamos ficando desesperadas. Que o sangue estava no chão quando chegamos lá. E que tinha o DNA dela."
Rubens olhou para elas, cansado. "Mas vocês não viram quem era, não é?"
Emily visualizou sua versão em miniatura. E então, de repente, ela ouviu alguns insultos: "Você não fez isso. Você sabe que está exatamente onde eu quero".
Era a voz de Ali, mas ninguém parecia ouvir. Emily sentiu outro tipo de preocupação. Ela começou a ouvir Ali há poucos dias, e sua voz foi ficando mais alta.
Ela pensou sobre a pergunta do advogado. Na busca por Ali, elas tinham como alvo uma casa em Ashland, na Pensilvânia, a propriedade dos pais do namorado de Ali, Nick Maxwell. Na parte de trás da propriedade havia um quiosque com uma piscina em ruínas, o lugar perfeito para Ali se esconder e traçar seu próximo plano. Elas começaram a monitorar o local; mas, involuntariamente, Spencer contou para seu novo amigo Greg que elas haviam colocado câmeras de vigilância na casa. Após uma sucessão de acontecimentos terríveis, Greg se tornou um Ali Cat, os aliados on-line de Alison. As câmeras foram desativadas um segundo após Spencer dar a notícia.
Assim que isso aconteceu, Emily e as outras foram até Ashland para checar se Ali estava desativando as câmeras na casa da piscina. Mas tudo o que encontraram foi sangue no chão. Elas começaram a vasculhar o local quando um estrondo veio do andar de cima. O cheiro de água sanitária flutuava no ar, e alguém - certamente Ali, embora não tivessem a visto – andou pela cozinha, extremamente suja. Quando elas voltaram ao térreo, a casa estava vazia. Em seguida, ligaram para a polícia. Mal sabiam que elas é quem seriam culpadas.
Mas o que aconteceu foi: Os policiais chegaram, analisaram as evidências e concluíram que o tipo de sangue batia com o de Ali. Eles também encontraram um dente que batia com os registros dentários de Ali. Em seguida, acusaram as meninas de tentar limpar a cena do crime porquê as impressões digitais delas estavam por todo o canto - afinal, elas estiveram na casa. As câmeras de vigilância gravaram as meninas entrando com todo cuidado na casa, antes.
"Você é minha". Era a voz de Ali novamente. Emily piscou várias vezes. Olhou para suas amigas, perguntando se elas também ouviam provocações de Ali em suas cabeças.
"E o vestido?", perguntou Aria, se referindo ao vestido que tinham encontrado no sótão da casa da piscina. Ele também estava coberto de sangue.
O advogado checou as anotações. "Os forenses disseram que era A positivo, o mesmo tipo sanguíneo de Ali". Se eu fosse vocês, não levaria isso à diante, não vai ajudar no caso."
Emily se ajeitou na cadeira. "Não é possível Ali ter se cortado, espalhado o sangue ao redor da casa da piscina e limpar em seguida? Ela pode ter arrancado o dente também. Ela passou anos na Preserve. Ela é louca.”
"Não tão louca como você!" Ali respondeu na cabeça de Emily. Emily fechou a cara, querendo a voz de Ali fora de sua cabeça. Então, ela notou que Hanna olhava para ela com curiosidade.
O advogado suspirou. "Se tivéssemos provas de que Alison estava na casa da piscina – viva - ao mesmo tempo que vocês, talvez ganharíamos o caso. Mas tudo o que temos é um vídeo de vocês entrando pela porta da frente. Ali não está lá."
"Ali provavelmente escapou pela janela." Spencer disse rapidamente. "A dos fundos, talvez. Não havia câmeras lá."
O advogado olhou para as palmas das mãos. "Não há provas disso. A polícia recolheu as digitais nos parapeitos das janelas ao redor da propriedade e não encontraram nada".
"Talvez ela tenha usado luvas!" Hanna sugeriu.
Rubens estalou a caneta. "São suposições, e temos que considerar que vêm de vocês quatro, conhecidas por terem fama de mentirosas." Ele limpou a garganta. "Quer dizer, o apelido de vocês é Belas Mentirosas. Vocês se envolveram em muitas mentiras que se tornaram públicas. Vocês foram acusadas de matar uma menina na Jamaica e assumiram que empurram ela do penhasco. E todo mundo sabe o que Alison fez para vocês e quantos motivos vocês têm para querer se verem livres dela. E, como eu disse, houve o episódio da Emily..."
Todos olharam para Emily, que olhou para a mesa. Ok, ela enlouqueceu quando foi procurar Ali. Mas foi porque Ali quase afogou Emily na Piscina Publica de Rosewood. E, em seguida, um dos Ali Cats matou Jordan Richards, o grande amor da vida de Emily. Ela não tinha a intenção de ir para a casa da piscina e surtar. Ela não quis gritar para as câmeras que ia matar Ali. Apenas... aconteceu.
"E ainda tem aquele diário."
Rubens pegou um fichário grande à sua direita. Dentro, havia uma fotocópia do diário que Ali supostamente havia escrito escondida na mata, em um lugar fácil o suficiente para a polícia encontrar. Emily não queria lê-lo, mas já tinha ouvido muito sobre o diário. Ali tinha dado uma de vítima inocente enquanto Spencer, Aria, Emily e Hanna eram as criaturas vingativas. Ela falou que as meninas abusavam dela, verbal e fisicamente. Assim que Rubens abriu o fichário, Emily viu as palavras me amarraram. Então, ouviu uma frase que os outros não ouviram.
"Coitada, coitada de mim." Ali sussurrou na cabeça de Emily. Emily deve ter gemido porque Spencer olhou para ela com os olhos arregalados. As bochechas de Emily incharam. Ela tinha que ser cuidadosa. Suas amigas já achavam que ela estava louca; e isso foi antes dela começar a ouvir vozes.
Aria também olhou para o fichário. "Claro que isso não vai contar como evidência, não é?"
"Especialmente por causa do que Nick disse esta manhã." Tremendo, Emily pegou seu telefone e mostrou para o advogado o artigo que tinha encontrado antes da reunião. Ela apontou para a manchete: "Maxwell afirma que o diário é uma mentira", que também dizia "O amor e lealdade dela pararam por aqui." “Se Nick disse que Ali mentiu no diário, até que ponto chegaria?", perguntou ela, esperançosa.
Rubens deu de ombros. "Nós estamos falando sobre a descrição de um assassinato. Às vezes, os juízes levam diários muito a sério. E quando alguém escreve, "Estou com medo, acho que vão me matar, e acaba morrendo..."
"Mas ela não está morta!", desabafou Emily. "A polícia encontrou um dente e sangue. Só isso. Não vai ser um tanto quanto difícil convencer as pessoas de assassinato sem corpo?"
O advogado fechou a pasta com um tapa. "Isso é verdade. E essa é a vantagem de vocês." Um olhar estranho surgiu em seu rosto. "Rezem para não encontrarem os restos dela."
Todas olharam para ele, assustadas. "Você está dizendo que não acredita em nós?" Spencer finalmente desabafou.
O advogado levantou as palmas das mãos, mas não confirmou nem negou.
Hanna colocou a cabeça entre as mãos. Spencer rasgou a xícara de café de isopor em pequenos pedaços. Aria pôs as mãos sobre a mesa: "Podemos contar nossa versão da história no tribunal?"
Rubens bateu a caneta contra a mesa. "Prefiro não colocar vocês na berlinda. Em seguida, o promotor vai começar a interrogar vocês, e será implacável - vai encontrar todos as maneiras possíveis de vocês se enrolarem em suas mentiras. Deixem-me construir uma imagem de vocês. Vou frisa apenas os traços mais bonitos. Mas, mesmo com tudo isso, não sei se temos chances de vencer. Posso tentar mostrar algumas teorias de outras pessoas que poderiam ter matado Alison. Alguém na família de Jenna Cavanaugh, por exemplo. Alguém na família de Ian Thomas. Alguém que a odiava. Mas vocês ainda são as suspeitas mais convenientes e lógicas."
Emily olhou para as outras. "Mas ela não está morta!", Spencer repetiu.
"Existe alguma coisa que realmente pode nos salvar?", perguntou Aria, cabisbaixa. "Algo que garanta nossa liberdade?"
Rubens suspirou. "A única coisa em que que consigo pensar é Alison DiLaurentis entrando no tribunal e confessando tudo."
"Como se isso fosse acontecer." Ali disse em voz alta na cabeça de Emily.
O advogado soprava ar através de suas bochechas. "Durmam um pouco, meninas. Vocês parecem exaustas." Ele apontou para alguns donuts. "E peguem um, pelo amor de Deus. Vocês não sabem quando poderão comer isso novamente."
Emily se encolheu. Foi fácil de interpretar o que aquilo significava: Prisões não servem donuts.
Hanna pegou um pedaço e enfiou na boca, mas todas as outras saíram pela porta sem sequer olhar para a mesa de café. No elevador, Spencer apertou com força o botão Descer. De repente, impressionada, ela olhou para Emily. "Em!" ela sussurrou, olhando para a mão de Emily.
Emily olhou para baixo. Um longo fio de sangue escorria de sua cutícula até seu pulso. Ela apertou sua pele até sangrar e nem sentiu. Se atrapalhou ao pegar um lenço de papel na bolsa, sentindo os olhos das amigas sobre ela. "Estou bem.”
Mas as meninas não eram as únicas preocupadas com ela; a família de Emily estava agindo de maneira ainda mais estranha. Ao contrário dos outros incidentes nos quais Emily havia se envolvido, em que seus pais a deserdaram, sua família deixou ela comer as refeições junto com eles. Seus pais até compraram suas comidas favoritas, suas roupas e a mimaram bastante, como se fosse um bebê. Sua mãe conversou com ela sobre séries de TV e livros, e prestava muita atenção no seu silêncio. Na noite passada, o pai de Emily pulou da cadeira, dizendo que a TV era toda dela e, se precisasse de algo, era só chamar. Emily ansiava por esse tipo de atenção de sua família há muito tempo; basicamente, desde quando começou a saga de -A. Mas parecia estranho agora. Eles só estavam fazendo aquilo porque achavam que ela estava louca.
O elevador parou e as portas se abriram. As meninas estavam em silêncio, cabisbaixas. Emily podia sentir as outras pessoas no elevador encarando-as. Uma garota não muito mais velha que elas pegou seu iPhone e começou a digitar algo. Depois de um momento, Emily ouviu o barulho da câmera do celular e notou que ela apontou o telefone para seu rosto.
Ela se virou e olhou para a menina. "O que você está fazendo?"
As bochechas da menina avermelharam. Ela cobriu a lente do telefone com a mão e fechou os olhos.
"Queria tirar uma foto da gente?" Emily gritou.
Ela tentou pegar o telefone da menina, mas Spencer agarrou seu braço, puxando-a para trás. O elevador parou novamente, e a garota correu para o saguão. Spencer olhou para Emily. "Você tem que se acalmar."
"Mas ela foi muito rude!" Emily protestou.
"Você não pode pirar com essas coisas!", Spencer pediu. "Tudo o que fazemos e dizemos pode trazer consequências no júri."
Emily fechou os olhos. "Não acredito que devemos pensar no júri para tudo."
"Eu também não.", Hanna sussurrou. "Que pesadelo!"
Elas atravessaram o saguão, passando pela guarita. Emily olhou para fora das portas giratórias. Os raios de sol refletiam na calçada. Um grupo de meninas usando vestidos e sandálias coloridas passaram, rindo histericamente. Mas atrás delas, ela pensou ter visto uma sombra entrando em um beco do outro lado da. Com o cabelo rosa na parte de trás de seu pescoço. Ali - a verdadeira - poderia estar em qualquer lugar. Observando-as. Esperando para atacar.
Ela se virou para suas amigas. "Poderíamos jogar ao nosso favor", disse em voz baixa. "Podemos ir atrás dela de novo."
Os olhos de Spencer se arregalaram. "De jeito nenhum. Claro que não.”
A garganta de Aria balançou. "É impossível."
Mas Hanna assentiu. "Eu queria saber para onde Ali foi. Rubens disse que era a única maneira de conseguirmos provar nossa inocência."
"Hanna, não." Spencer olhou para ela com um olhar penetrante. "Não temos nenhuma pista."
"É isso mesmo." Ali bufou na mente de Emily. "Vocês nunca vão me encontrar." Emily pegou o telefone novamente. O artigo sobre Nick ainda estava na tela. "Nick está tão irritado, talvez ele nos ajude, ou nos dê alguma pista."
Spencer bufou. "Não!"
"Sim, e eu odeio a ideia de ficar de frente com ele na prisão." Aria disse nervosa. "Você não acha?"
"Se estivermos juntas, nem ligo!" disse Emily, tentando soar firme.
"Talvez", Aria murmurou com tristeza.
Hanna colocou uma mecha de seu cabelo ruivo atrás da orelha. "Quais são as chances dos policiais deixarem a gente visitar alguém na prisão? Estamos em liberdade sob fiança. Não podemos sair por aí, nem fazer o que quisermos".
Emily olhou para Spencer. "Seu pai poderia mexer uns pauzinhos?"
O pai de Spencer, um advogado poderoso, conhecia várias autoridades, inclusive o chefe da polícia. Ele poderia fazer muita coisa acontecer.
Spencer cruzou os braços. "Não acho que é uma boa ideia."
"Por favor?", gritou Emily.
Spencer balançou a cabeça. "Sinto muito. Eu não quero fazer isso."
A boca de Emily estava aberta. "Então, você vai desistir? Não é do seu feitio, Spence."
Spencer balançou o queixo. "Não queria, mas é como no Scooby-Doo, só leva a mais problemas."
"Spence!", Emily protestou, pegando Spencer pelo braço. Mas Spencer se soltou, emitindo um som de dor que ecoou pelo saguão. Ela se virou e caminhou em direção às portas giratórias.
Houve um longo silêncio. Emily sentiu um peso no peito. Não se atreveu a olhar para Hanna ou Aria porque sabia que cairia em lágrimas se fizesse isso. Talvez Spencer estivesse certa. Talvez fosse uma terrível ideia procurar Ali novamente.
"É isso mesmo!", Ali berrou na cabeça de Emily, mais alto do que nunca. "Dessa vez, vocês estão em minhas mãos."
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